Blindados no mercado brasileiro

Números apontam que a frota de blindados no Brasil é, pelo menos, cinco vezes maior que a frota mexicana, que possui em torno de apenas 50 mil veículos blindados nas ruas. Marcelo Christiansen, presidente da ABRABLIN – Associação Brasileira de Blindagem, afirma que atualmente: “a frota blindada estimada no país é de quase 225 mil veículos. O levantamento da associação, que representa 65 % do total da produção de blindado no Brasil, revelou que estados como Rio Grande do Sul, Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Pará, também foram atendidos, reforçando que, cada vez mais, a necessidade de mais segurança é nacional”. Segundo números divulgados pela entidade, os veículos que mais possuem blindagem são: o Jeep Compass; Volkswagen Tiguan; Volvo XC-60; e Toyota modelos Hilux SW4 e Corolla. A associação explica que os veículos blindados estão espalhados, principalmente, nos Estado de: São Paulo – 77,44 %; Rio de Janeiro – 10,58 %; Rio Grande do Sul – 4,01 %; Ceará – 1,99 % e Pernambuco – 1,56 %. Números oficiais, obtidos com exclusividade pela Revista Frota & Mercado junto ao Detran de São Paulo, mostra que até janeiro de 2019, só em SP havia 115.300 veículos blindados. “O mercado brasileiro de blindagens está em constante evolução. Não só em número de vendas, mas, especialmente, com relação ao amadurecimento do consumidor desse tipo de produto. Ainda hoje, a blindagem é vista por muitos como commodity, e nós temos notado clientes cada vez mais conscientes de que isso não é uma realidade. Eles estão mais exigentes com relação à qualidade do produto e, principalmente, dos serviços de pós–vendas”, afirma Jacques Baisi, Diretor Comercial Corporativo da Carbon Blindados.

QUEM SÃO OS PROPRIETÁRIOS

Roberto Loureiro, é diretor da Turismo Classe A, locadora especializada em blindados com sede na capital carioca. Sobre as vantagens da locação de um blindado afirma que: “manter um carro blindado não é tarefa fácil, são diversas as vantagens para um frotista optar por locar um carro blindado, entre elas são a economia com manutenção do veículo. O blindado exige uma manutenção mais rigorosa com freios, suspensão e pneus, economia com revisões da blindagem, IPVA e seguro, ter um carro reserva em caso de pane ou acidentes. Algumas dessas vantagens são muito parecidas com as vantagens de locar um carro convencional, mas talvez a principal delas seja na revenda do carro, vender um carro usado blindado geralmente é demorado, o carro sofre uma desvalorização muito acima de um carro convencional, em alguns casos o valor da blindagem praticamente desaparece”.

SEGURANÇA PARA EXPORTAÇÃO

A Carbon Blindados firmou recentemente uma impor-tante parceria que levará a tecnologia brasileira para outros países. “A Carbon acaba de anunciar uma parceria global com a matriz da Volvo Car: passamos ser a blindadora de fábrica da marca para o mercado brasileiro e, como fato inédito, passamos a blindar veículos que serão exportados para diversos países, incluindo Europa e América Latina. A Volvo pesquisou por outras empresas blindadoras em outros países. No entanto, identificaram a Carbon Blindados como o parceiro ideal para atender às suas exigências quanto aos quesitos de qualidade, segurança de desenvolvimento de engenharia. Foi um marco importante para a nossa empresa e mais uma confirmação de que o nosso País é referência global no tema de blindagem”, comenta Jacques Baisi.O mercado brasileiro conta com empresas que demonstram números significativos. A Concept Blindagens atingiu a marca de mais de 8 mil veículos blindados em todo Brasil. “O mercado de blindagem está passando por um momento de transformação muito rápida onde alguns ‘modelos’ de venda e compra, como as atreladas aos veículos usados, necessitam ser repensados, principalmente na evolução da atual legislação que gera o setor. Portanto, é um momento de pensar e repensar principalmente no sentido da inovação. A nossa empresa atua em todo Brasil, porém, o grande foco está no Estado de São Paulo e logo após no Estado do Rio de Janeiro. A força de vendas está segmentada em atendimentos a concessionários de automóveis, empresas de locação de automóveis, gestores de frotas, corporativo e o público que é caracterizado como cliente final. A força de venda necessita ser revista segmentando por setores, pois, atualmente existe ‘duplicidade’ de foco e alguns pequenos conflitos no atendimento e prospecção de mercado. Também enxergamos aumentar o foco no digital, integrando estratégias de monitoramento espe-cífico e para campanhas de vendas ‘online’”, afirma Fábio Rovedo de Mello.

No Brasil, os níveis de blindagem seguem a norma de resistência balística ABNT-NBR 15000, que obedece aos padrões nacionais e internacionais. Os níveis são divididos em uso permitido, restrito e proibido, de acordo com o poder de retenção das balas, e são determinados pelo Exército Brasileiro.Segundo essa determinação, o maior nível permitido no país é o III-A, que suporta até disparos de pistolas 9 mm e revólveres 44 Magnum, a maior arma de mão. Esse nível de blindagem é o que tem sido mais utilizado no Brasil. Os níveis de menor proteção I, II-A e II tem plena autorização para serem produzidos e se propõem a atender o nicho específico de mercado dos usuários que, conscientemente, se sentem ameaçados somente por armas de menor calibre. O nível III, que resiste a disparos de fuzil FAL, é de uso restrito e só pode ser produzido, para uso de pessoas físicas e jurídicas, com autorização especial do Exército Brasileiro. E o nível IV, que resiste até a M60, é totalmente proibido para uso civil.A queda do valor para blindar um veículo poderia aumentar ainda mais a procura pelos consumidores brasileiros. Os valores são variados, de acordo com o modelo do carro e o tipo de blindagem. Jacques Baisi, CEO da Carbon afirma que “dois aspectos que podem vir a tornar o custo de blindagem mais acessível são: maiores avanços tecnológicos, que permitem uma redução do custo dos insumos, e um ganho adicional em escala”. Já Fábio Rovedo de Mello, CEO da Concept Blindagens entende que: “a precificação e a lucrativi-dade são muito sensíveis a sazonalidade do mercado, pois, o número de veículos produzidos tem forte influência na composição dos valores. Grande parte dos materiais aplicados são cotados em USD, bem como a imprevisibilidade do setor e somando-se a ‘novos entrantes’ causam oscilações importantes e causam desequilíbrio na percepção de valor por parte dos compradores que em razão da crise no setor automotivo se valem do preço como diferencial para a venda. Um caminho para a competitividade está diretamente relacionado com a otimização constante do processo produtivo e racionalização no controle e utilização dos materiais empregados, bem como, programas de fidelização e aquisições programadas de materiais”.Os executivos do segmento de blindados são unânimes em um ano bastante positivo. “Para 2020, a expectativa é de retomar essa fatia perdida, ou seja, entre 5 % e 8 %. Um dos fatores para a projeção positiva para o mercado é a baixa de juros, que deve reaquecer, ainda que timidamente, a venda da linha premium, impulsionando o nosso segmento”, comenta Marcelo Christiansen, presidente da ABRABLIN. Para Baisi, CEO da Carbon: “o segmento de blindagens de veículos civis cresce ano-a-ano, no Brasil. O mercado está diretamente relacionado às questões de segurança pública, pois a sensação de insegurança ainda é grande, especialmente nas grandes capitais. Além disso, temos percebido crescimento na demanda por veículos blindados na área corporativa, ou seja, para atender o corpo executivo de grandes empresas. Esta tendência tem crescido, seja no segmento de administradoras de frotas ou diretamente com as corporações”. Já para o executivo da Concept Blindagens: “a expectativa de mercado está atrelada a um novo modelo de consumo e também vinculada ao otimismo que pode vir a ser gerada na economia brasileira, ou seja, é um ponto relevante o movimento de investimentos externos o que gera movimentação de expatriados”.“Avaliamos esse mercado como promissor apesar da competitividade ter aumentado bastante principalmente no último ano, pois até bem pouco tempo atrás eram poucas as locadoras de blindados ! Temos consciência que 2020 não será um ano fácil, mas esperamos enfrentar esse cenário com muito trabalho, esforço e competência para termos um ano com um crescimento significativo”, garante Roberto Loureiro, da Turismo Classe A.

fonte: Revista Frota e Mercado – Set/out 2020

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